"O que é isto, companheiro"?

“Senhor, queres que digamos que desça fogo do céu e os consuma, como Elias também fez?” Ao que Jesus replicou: “Vós não sabeis de que espírito sois. Porque o Filho do Homem não veio para destruir as almas dos homens, mas para salvá-las.”

(Lucas 9:52-56)

Estar ao lado de Deus, o que é isto?

Como nos assemelhamos a Tiago e João nestas declarações tão carnais. Tudo bem que para os primeiros discípulos, a mensagem pode ter soado estranhamente, porque eles estavam acostumados a ouvirem histórias sobre como os adversários de Deus eram tratados.

Não consigo imaginar um rosto para Jesus nesta passagem. Teria demonstrado tristeza? Decepção? Um sorriso? Ou simplesmente suspirado pela dificuldade de interpretação da graça de Deus? Teria sido uma frase igual a que está aí embaixo:

- Pai ... Pai, será que eles vão compreender?

E Deus o responde:

- Nem todos, meu filho, nem todos.

E lá vem Jesus, com a paciência divina e com o jeito simples de trazer um novo ensinamento. Para os primeiros discípulos aquele ensinamento foi assimilado com o tempo, mas, e para nós?

Olhos espirituais

Jesus disse que o combate era bom. Ele o tinha vencido com bom ânimo. Então, mesmo sabendo que é bom, estamos numa guerra travada que não deixou de ser luta até hoje. Como li certa vez , "os tiros desta guerra não são de festim". Infelizmente.

Só que esta luta que menciono, não é contra a carne, nem o sangue, muito menos pessoal ou contra quem quer que seja. Ela é espiritual e só discernida pelos espirituais. A luta que não é para sempre!

Naquele primeiro momento, Tiago e João não conseguiram ver o que estava em jogo: as preciosas vidas, possuídoras de almas eternas. Somente após o suspiro, a paciência e a explicação do Mestre é que eles perceberam QUEM era o Espírito que os guiava. E nós, temos perdido esta visão e nos deixamos dominar completamente por situações que nada mais são que espirituais.

Para vergonha nossa, justamente no momento de maior luta, sempre há os que surtam e começam a guerrear contra o seu próprio exército. De todas as batalhas que já vi, seja em filme ou lida em livros, o único exército que enlouquece, combatendo consigo mesmo, em alguns momentos, é o familiar. O inimigo mesmo (aquele com quem deveríamos estar lutando com armas espirituais) se retira da peleja, observando de camarote, sorrindo ironicamente.

E o combate prossegue, um lutando contra o outro:

– En Garde, seu mané!! - Fala o companheiro.

Já o outro, sem entender nada, numa atitude de defesa e reflexo nato, empunha a espada e o que se vê é:

- Então, toma, crocodilo!!

A diferença

Precisamos fazer a diferença e tal qual foi ensinado pelo mestre, pensar, pensar e pensar:

– A que espírito pertenço? Contra quem luto?

No momento em que, realmente, identificarmos o Espírito que habita em nós, e se de fato, Ele nos faz morada, perceberemos que ao ganharmos um tapa no rosto, ao invés de empunharmos o que quer que seja, que venhamos a oferecer a outra face, e que o meu irmão tenha excelente pontaria e a acerte de uma forma melhor.

É difícil!? Talvez o supremo desafio do verdadeiro cristão. Só que, quem ensinou isso, foi o maior homem que já pisou nesta terra: Jesus de Nazaré.

Que eu consiga imitá-lo, nem que seja com um pouquinho de meu ser tão imperfeito. A Ele, o meu amor, a minha adoração. E que com meus atos, eu o celebre, não de lábios, mas por prática e conduta. Eu tentarei.

Christiani Rodrigues